quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A corrupção no Brasil e a educação.

As notícias sobre corrupção no Brasil são diárias e atingem todas as camadas de população e em todos os setores de economia, onde há pessoas e valores sempre tem um pronto para desviar ou se apropriar do que não lhe pertence. A crônica abaixo foi escrita por Martha Medeiros e publicada no jornal Zero Hora e trata de assunto, suas ideias são semelhantes ao que penso sobre esse assunto.

Todos que sonham com um Brasil mais íntegro e desenvolvido batem na mesma tecla, a de que devemos investir maciçamente em educação. Bato nessa tecla também, mas às vezes meu desânimo faz com que não acredite nem nisso. Ao ver a matéria que foi ao ar no último Fantástico sobre médicos e dentistas que embolsam salários sem comparecer aos plantões, deixando centenas de pessoas doentes sem atendimento, pensei: isso lá é problema de falta de educação? São profissionais que fizeram faculdade, tiveram formação acadêmica. Não passaram a infância soltos pelas ruas. E, mesmo assim, não possuem o menor senso de compromisso e ética. São tão corruptos quanto os políticos que eles xingam em mesas de bar, pensando que são diferentes.

Aí lembro daquela piada que diz que Deus criou o Brasil com uma natureza exuberante, um clima espetacular, um solo fértil, uma abundância de rios, sem risco de terremotos, “mas espera pra ver o povinho que vai ser colocado ali”.

Jamais deixaria de cumprir minhas obrigações, ainda mais se trabalhasse numa área tão essencial quanto a saúde pública, mas não adianta apontar o dedo para os outros e se excluir do problema. O povinho somos todos nós. Uns sem nenhum caráter, outros com algum caráter (mas fazendo suas picaretagens habituais) e outros com um caráter muito bom, porém molham a mão do policial para evitar uma multa e bebem antes de dirigir, ninguém é perfeito.

Generalizando, somos um povinho essencialmente egoísta. Pensamos apenas no nosso próprio bem-estar. E ainda por cima vulgares, loucos por dinheiro, todos emergentes querendo mais, mais, mais. O governo rouba de nós através de impostos que não são revertidos em benefícios sociais e a gente desconta passando a perna em quem estiver por perto. Se alguém encontra uma carteira de dinheiro e devolve para o dono, vai parar na primeira página do jornal como se fosse um peixe com braços, uma anomalia.

Seguimos morrendo no trânsito, a despeito das campanhas de conscientização, pois somos arrogantes, achamos que nada pode dar errado conosco, e se der, a culpa será sempre do outro. Obediência, respeito, espírito coletivo, nada disso pegou no Brasil. Nem vai pegar. A miséria pode diminuir, o poder aquisitivo aumentar, haver mais emprego, mais crianças na escola, tudo ótimo, mas não soluciona a raiz dos nossos problemas: a índole. Algo que se depura em casa, na infância, no ambiente familiar, mas quem vai regulamentar isso, como controlar as regras internas, quem vai determinar o que é legal e ilegal entre quatro paredes?
Cada lar é um país. Somos milhões de presidentes. Está tudo em nossas mãos. Um poder transformador, se soubéssemos fazer a coisa direito.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A Fila

Impressionante a nossa fissura por fila. Mas quem inventou a fila? Onde nasceu a fila? Será que foram os elefantes indianos que inventaram e por isso chamamos de fila indiana? Mas antes disso os dinossauros não se dispunham em fila pra caminhar em bando?

Dúvidas à parte, a verdade é que as grandes difusoras dessa forma de organizar-se, conhecida como fila indiana, no mundo são as formigas. Depois que as formigas, criaturinhas no mínimo antenadas, perceberam que tudo fica mais fácil em fila o mundo não foi mais o mesmo.

A fila é a prova de que quem vai chegando vai ficando atrás, menino educado é assim que faz, a gente sabe disso desde pequeno. A fila é a prova de que somos sempre o primeiro, o décimo, o qüinquagésimo em alguma coisa. A fila é a maneira de dizermos aos atrasadinhos o nosso sinto muito, é a forma de não nos atropelarmos ao entrar no ônibus. A fila está presente em toda a vida humana, mas na vida do pobre a fila é um carma, um estigma e às vezes até um vício. Somos loucos por uma filinha!

            A nossa mania começa quando somos ainda espermatozóides, quando corremos em uma fila onde o primeiro não é necessariamente o vencedor. Quando esse sufoco passa, quem entra na fila é a nossa mãe, umas das filas mais temidas do Brasil, a fila do SUS. A nossa próxima grande fila é a de irmãos, uma escadinha de pelo menos cinco. Depois disso é fila pra se matricular na escola, é fila pra namorar o garoto mais popular da turma, fila pra lanchar, fila no banco, no supermercado, no hospital, pra arranjar um bico, pra receber dinheiro, pra ser admitido, pra ser demitido, pra receber seguro desemprego, pra se aposentar, pra mais uma vez ir ao hospital, pra morrer e pra ser enterrado.

            Ô porre de tanta fila!

Mas como poderia ser diferente a nossa vida de habitantes do terceiro planeta de uma fila de nove?

            Um dia eu vi uma grande fila no centro da cidade, perguntei ao último da fila do que se tratava e ele disse:

- Eu não sei não! Eu tava passando e vi esse povo na fila, aí eu entrei também, né moça?

Fui fazendo a mesma pergunta aos outros, e as respostas eram as mesmas. Fiquei invocada e perguntei ao primeiro da fila:

- Vem cá moço, o que é que o senhor tá fazendo aí parado? É fila pra quê?

- Eu não sei minha fia, eu machuquei meu pé, parei aqui, e esse povo doido parou aí atrás de mim.

Sabe o que eu fiz? Entrei na fila, por via das dúvidas!

É claro que isso é mentira minha. O que vale é a minha intenção de mostrar a nossa obsessão por fila.

            E já que estamos falando em fila… Por obséquio, quem é o próximo?

segunda-feira, 9 de junho de 2014

O Ponto

Dia chuvoso às 06:30 da manhã, uma grande vontade de retornar para casa, ah como eu não queria ir para esse ponto de ônibus! Parece que hoje está mais cheio do que os outros dias. Ao redor pessoas suando e de cara feia de tanto esperar pelo maldito ônibus. Os carros passam em alta velocidade e nos encharcam de lama, parece pirraça e não demora muito para alguém gritar: Filho da mãe! Pronto, era só o que me faltava além de ter que mofar no maldito ponto, vou ter de mofar suja de lama! É verdade, esperar ônibus é um martírio em dia de chuva, então é um pesadelo! Mas pra quem importa o pobre esperar horas por um ônibus para trabalhar, já que a frota é tão significativa, não é mesmo?

            E o ponto continua enchendo, um aperto danado, todos disputando a parte coberta para não tomar muita chuva, ao lado duas senhoras reclamando o tempo todo, lamentando o motivo da chuva, justamente no dia em que resolveram ir à missa rezar pelos pecadores do mundo. E eu me perguntava: o que fiz para merecer isso? Então resolvi pensar em algo positivo fazer de conta que está fazendo sol. Logo me arrependi porque estaria ali torrando no sol. É, só resta esperar mesmo. Lá vem um ônibus, tem que ser o meu! Não era. As pessoas saem correndo para pegá-lo sempre lotado, pouco importa! O hábito de ir encurralado e se segurando na porta já virou referência, no sistema coletivo tão eficaz, segundo as autoridades.

              Continuava a esperar, em dia de sol já é horrível, em dia de chuva só piora. O jeito é tentar pelo menos sentar. Afinal, antes esperar sentado do que em pé, logo me certifico que é missão impossível. Só existem seis lugares para um aglomerado de pessoas a espera de um meio de locomoção e a preferência, claro, é dos idosos. Mas pra que eles têm que sair tão cedo? Ignorância minha, eles sofrem mais do que eu. Além de não terem nenhum conforto no ponto, às vezes não conseguem nem correr atrás do “buzu”, que quase sempre pára fora do ponto. Continuo em pé, roupa molhada, logo chega o meu ônibus, chego a esboçar um sorriso. Está tão lotado, mas não tem jeito, é ele mesmo que vou pegar, eu e umas dez pessoas.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Um país que nunca quisemos

 Vou trasncrever aqui uma matéria que gostei muito... do João Cândido da Silva Neto



“O Brasil não é um país sério”, disse certa vez o General Charles De Gaulle, na época presidente da França. Quando examinamos os fatos recentes da nossa política, parece-nos que esta afirmação nunca chegou a, verdadeiramente, incomodar as autoridades brasileiras e, é claro, o povo brasileiro, por sua simplicidade e ignorância não merecia esta afronta.

Mas nós - o povão - quase nunca tomamos conhecimento dos assuntos políticos que circulam nos bastidores ou são debatidos nos meios diplomáticos. Examinemos, porém, alguns episódios recentes.

A gigantesca hidrelétrica de Itaipu é resultado de um consórcio entre Brasil e Paraguai, construída na fronteira entre os dois países. Pelo acordo a energia produzida é dividida entre as duas nações; e o Brasil compra do Paraguai a parte de energia que aquele país não consome. Mas o Brasil paga pela aquisição apenas um terço do preço de mercado e o governo paraguaio se ressente, julgando-se prejudicado pelo acordo.

No caso do gás boliviano o processo é semelhante: o Brasil paga apenas um quarto do preço internacional por metro cúbico do produto. Tudo o que deseja o presidente boliviano Evo Moralez é que o nosso país pague um preço mais justo, o que é compreensível, afinal Bolívia e Paraguai são países pobres, com poucas possibilidades de desenvolvimento econômico, mas são explorados pela nação que é a maior Economia da América do Sul e uma das maiores do mundo (apesar da miséria em que vive a maior parte da nossa população). E essa vergonhosa exploração é praticada em nome do povo brasileiro - em meu nome, no seu, em nome de todos nós. As autoridades paraguaias nunca perdem uma oportunidade de lembrar ao Brasil uma velha dívida que contraímos com aquele país. Recordemos, pois.

O povo paraguaio ainda sente sangrar a ferida causada pelo genocídio que foi a guerra empreendida por Brasil, Uruguai e Argentina (1865 a 1870) contra o ditador Francisco Solano Lopes, que governava aquele país e tinha pretensões imperialistas. No início da guerra a população paraguaia era estimada em um milhão e quinhentos mil habitantes, e no final estava reduzida a menos da metade. Historiadores paraguaios reconhecem a grandeza do nosso ilustre Duque de Caxias, mas odeiam o Conde D´EU, marido da princesa Isabel, que comandou a entrada das tropas brasileiras em Assunção, a capital paraguaia. É que o ditador Solano Lopes, sabendo-se derrotado, tinha abandonado a frente de luta e partido para o interior; e a capital estava na ocasião defendida apenas por crianças e meninos que foram massacrados pelas forças invasoras, sob comando do Conde D´EU.

Esses fatos históricos a Educação Brasileira não transmite aos nossos filhos. A cidadania ainda engatinha...

Por João Cândido da Silva Neto
Colunista Brasil Escola