
E o ponto continua enchendo, um aperto danado, todos disputando a parte coberta para não tomar muita chuva, ao lado duas senhoras reclamando o tempo todo, lamentando o motivo da chuva, justamente no dia em que resolveram ir à missa rezar pelos pecadores do mundo. E eu me perguntava: o que fiz para merecer isso? Então resolvi pensar em algo positivo fazer de conta que está fazendo sol. Logo me arrependi porque estaria ali torrando no sol. É, só resta esperar mesmo. Lá vem um ônibus, tem que ser o meu! Não era. As pessoas saem correndo para pegá-lo sempre lotado, pouco importa! O hábito de ir encurralado e se segurando na porta já virou referência, no sistema coletivo tão eficaz, segundo as autoridades.
Continuava a esperar, em dia de sol já é horrível, em dia de chuva só piora. O jeito é tentar pelo menos sentar. Afinal, antes esperar sentado do que em pé, logo me certifico que é missão impossível. Só existem seis lugares para um aglomerado de pessoas a espera de um meio de locomoção e a preferência, claro, é dos idosos. Mas pra que eles têm que sair tão cedo? Ignorância minha, eles sofrem mais do que eu. Além de não terem nenhum conforto no ponto, às vezes não conseguem nem correr atrás do “buzu”, que quase sempre pára fora do ponto. Continuo em pé, roupa molhada, logo chega o meu ônibus, chego a esboçar um sorriso. Está tão lotado, mas não tem jeito, é ele mesmo que vou pegar, eu e umas dez pessoas.