Um texto espetacular do David McRaney mostra que você pode dizer que gosta de ouvir pessoas com pontos de vista diferentes do seu mas, na verdade, você só procura a aceitação dos seus argumentos, nunca a refutação ou contra-argumentação. E pior de tudo: quando suas crenças mais profundas são desafiadas, você as defende mais ferrenhamente e ouve menos seu debatedor. É o que o autor chama de “backfire effect”: assim como você constrói um escudo a partir de toda a informação que confirme suas idéias, você também acaba ficando cego a contra-argumentos. O “backfire effect” te faz menos cético às coisas que te permitem continuar a ter sua atual visão de mundo como boa, ética, verdadeira. (aliás, já disse que esse texto é espetacular? Já, não é? Pois digo novamente. Clique no hiperlink e vá lê-lo depois).
Com tudo que expus acima, fica fácil de entender o comportamento das pessoas em geral na internet. Há um tópico de discussão genérico em algum lugar da internet. Suponhamos que é sobre o ensino ou não da “teoria da evolução de Darwin pela seleção natural” nas aulas de biologia. A pessoa que postou é contra o ensino, porque acha que a teoria da evolução é balela. Você vai lá e argumenta como é uma teoria unificadora na Biologia, central para o entendimento da distribuição e adaptações dos organismos e etc. Em 90% dos casos, o que acontece? A pessoa reconhece que estava errada, que você tinha razão, e resolve fazer Biologia para entender mais sobre este conceito tão fundamental? Provavelmente não. Provavelmente ela vai criticar suas fontes, ridicularizar sua formação e, por fim, usar o tipo mais comum de argumento nesse tipo de situação: o argumento ad hominem.
O argumento ad hominem é uma falácia ocorrida quando alguém ataca o autor de uma proposição, ao invés do seu conteúdo. É um argumento sem base lógica, apelativo, no qual quem o usa pretende ridicularizar o autor a ponto de descreditá-lo. É na discussão acima citada usar um “você acha que é necessário ensinar esta teoria da evolução porque você é biólogo, e na sua faculdade eles ficam contando essas historinhas absurdas de como os seres vivos surgiram”
(E eu sei, meu exemplo foi meio absurdo, mas conheço várias pessoas que acham que a teoria darwiniana não deva ser ensinada, ou não deva ser a “única”. Acreditem se quiserem.)
Como numa receita de bolo, podemos pegar nossa tendência a refutar argumentos que vão contra nossa visão habitual de mundo, acrescentar uma dose do tão recorrente argumento ad hominem e, por fim, cobrir com a possibilidade de não ter que encarar seu interlocutor frente à frente, não precisando lidar com a inconveniência de um olhar ofendido ou desapontado. O que temos (sem precisar de muito tempo no “forno”) é a maioria das discussões por meios virtuais.
Com tudo que expus acima, fica fácil de entender o comportamento das pessoas em geral na internet. Há um tópico de discussão genérico em algum lugar da internet. Suponhamos que é sobre o ensino ou não da “teoria da evolução de Darwin pela seleção natural” nas aulas de biologia. A pessoa que postou é contra o ensino, porque acha que a teoria da evolução é balela. Você vai lá e argumenta como é uma teoria unificadora na Biologia, central para o entendimento da distribuição e adaptações dos organismos e etc. Em 90% dos casos, o que acontece? A pessoa reconhece que estava errada, que você tinha razão, e resolve fazer Biologia para entender mais sobre este conceito tão fundamental? Provavelmente não. Provavelmente ela vai criticar suas fontes, ridicularizar sua formação e, por fim, usar o tipo mais comum de argumento nesse tipo de situação: o argumento ad hominem.
O argumento ad hominem é uma falácia ocorrida quando alguém ataca o autor de uma proposição, ao invés do seu conteúdo. É um argumento sem base lógica, apelativo, no qual quem o usa pretende ridicularizar o autor a ponto de descreditá-lo. É na discussão acima citada usar um “você acha que é necessário ensinar esta teoria da evolução porque você é biólogo, e na sua faculdade eles ficam contando essas historinhas absurdas de como os seres vivos surgiram”
(E eu sei, meu exemplo foi meio absurdo, mas conheço várias pessoas que acham que a teoria darwiniana não deva ser ensinada, ou não deva ser a “única”. Acreditem se quiserem.)
Como numa receita de bolo, podemos pegar nossa tendência a refutar argumentos que vão contra nossa visão habitual de mundo, acrescentar uma dose do tão recorrente argumento ad hominem e, por fim, cobrir com a possibilidade de não ter que encarar seu interlocutor frente à frente, não precisando lidar com a inconveniência de um olhar ofendido ou desapontado. O que temos (sem precisar de muito tempo no “forno”) é a maioria das discussões por meios virtuais.