quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Liberdade de expressão ou liberdade de opressão?

Era uma vez uma época que você ia na biblioteca, pegava uma Barsa e fazia seu trabalho escolar sobre a Primeira Guerra Mundial. Nesta mesma época, você mandava cartas para a sua tia pelo correio e telefonava para seus amigos combinar o futebol no clube sexta-feira à tarde. Hoje, se você digitar no Google “Primeira Guerra Mundial”, ele retorna pra você aproximadamente 3.590.000 resultados, sua tia tem e-mail e te manda gifs animados piscantes irritantes e seus amigos fizeram um evento no facebook para combinarem de jogar Winning Eleven pela Live do Xbox 360.

Nesta época em que as comunicações se dão de maneira rápida, e você pode acessar quase qualquer assunto com uma pesquisa rápida na internet, as pessoas conseguem expressar suas opiniões para um público cada vez mais abrangente. Websites, Blogs, Facebook, Twitter, dentre outras tantas ferramentas, levam o que você pensa de algum assunto aos olhos de pessoas que vão desde família e melhores amigos até apenas conhecidos (ou mesmo desconhecidos).
Considero este um fenômeno espetacular. Duvido que eu tivesse uma visão crítica sobre o acontecimento em Pinheirinho, ou meramente soubesse do movimento “Occupy” se não fosse por tais estratégias (afinal, uma visão crítica de ambos não é algo que o Jornal Nacional ou a Veja expressariam, não é?). Entretanto, continuarei o texto de uma maneira controversa e que provavelmente desagradará muitas pessoas. Se eu pudesse pedir algo, seria um pouco de senso crítico sobre as nossas atitudes, e não uma crítica impensada ao texto. Enfim, retornando ao meu ponto principal: ao que parece, as pessoas estão confundindo liberdade de expressão com liberdade de opressão.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Como você usa a sua liberdade?

A questão não é o que você gosta, o que você acredita, o que você defende. É como você usa a presença de uma tela e um teclado para fazer isso de maneira ofensiva. Dificilmente num debate frente à frente as pessoas usam argumentos que visam ofender ou ridicularizar uma à outra. Não importa se são amigos ou conhecidos, em uma discussão você geralmente é polido, educado e apresenta uma cadência de explicações para seu ponto de vista. Na internet reconheço comumente a apresentação da tal cadência de explicações, entretanto, quando há uma opinião divergente, a recorrência ao “eu faço/falo/escrevo o que eu quiser, e se você não gosta o problema é seu” é surpreendentemente corriqueira, em geral substituindo a polidez e educação.
Eu absolutamente discordo com a censura nos meios de comunicação. E apoio totalmente a liberdade de se expressar quaisquer pontos de vista. Creio que todos que queiram devam ter um fórum de discussão para seus assuntos de interesse, e que ninguém deva ser impedido de falar que deveriam ser permitidos equipamentos com auto-falante nos transportes públicos, por mais que eu ache um absurdo ter que ouvir technobrega quando pego um ônibus. Entretanto, as comunicações virtuais não deveriam perder o caráter respeitoso que as comunicações pessoais se prezam tanto a ter. Frente à frente com uma pessoa você falaria algo como “eu falo o que quiser e ,se não quiser ouvir, deixe de ser meu amigo”? Ou “acho ridículo você ter uma opinião diferente da minha sobre este assunto”?

Não só para o caso dos blogs de divulgação, como o Thiago disse muito bem no seu texto, mas creio que toda a informação divulgada sofre o processo de auto-validação. Seja esta por meio de referências ao seu artigo, acessos num post, “curtidas” no facebook ou tapinhas nas costas, as pessoas buscam um reconhecimento (e principalmente, concordância) do seu ponto de vista. No entanto, para obter a validação requerida, o ponto de vista gerado deve atingir o maior número de pessoas possível, e de preferência, pessoas com pontos de vista divergentes do seu. Certo?

Tem certeza que você concorda?

Vai, te dou mais dez segundos para você refletir se realmente concorda comigo.