domingo, 12 de abril de 2015

Mais amor, por favor?

Há diversos textos sobre como as pessoas se distanciam dos relacionamentos pessoais utilizando um local físico por poderem ter um local virtual para tais relacionamentos, no conforto do seu pijama, em casa, sem se apertar numa roupa desconfortável para ficar mais apresentável. Mas creio que outro problema que está surgindo neste distanciamento físico é o concomitante aparecimento de um distanciamento emocional, propiciado pela ausência das conversas em tempo real, usando como máscara um teclado com o qual você pode escrever o que quiser, sem se preocupar em ter que lidar com o olhar da contraparte, avaliando e respondendo de pronto o que você diz. Se decepcionando e magoando. Se enfurecendo e ofendendo. Refletindo e questionando. O monitor à sua frente pode diluir a preocupação em ser gentil, em se fazer entender, em se preocupar se a pessoa vai levar em consideração o que você diz. O computador pode tornar sua liberdade de expressão em liberdade de opressão, de ofensão, de insultação. E você é livre para oprimir, ofender e insultar. A questão é: você deve fazê-lo apenas porque pode? E do que sua opressão vai adiantar, além de levar seu ponto de vista a pessoas que já concordam contigo, ao invés de levar um público diferente a refletir suas atitudes?